15 fevereiro, 2005

20.01.05, Quinta-feira: O dia seguinte

Trabalhar, trabalhar, trabalhar. A anestesia continuava presente. É uma sensação de perda completa não conseguir sentir absolutamente nada. Não sentia sequer o calor intenso que fazia lá fora, no mundo que ainda recusava conhecer. Medo. Por momentos senti muito medo ao acordar e pensar que talvez por um segundo ia odiar tudo o que era diferente do meu mundo pequeno, e que pequeno grande mundo que deixei para trás. O stress da diferença apoderava-se de mim, e a paranóia instalava-se… mosquitos, dores de barriga, malária… socorro, onde está a civilização? Mas os sorrisos começavam a embalar minha alma e o receio “do dia seguinte” foi-se desvanecendo. A simpatia do povo que começava a descobrir envolvia-me. Uma nova aventura estava reservada para o segundo dia maputense: a minha ida ao aeroporto para ir buscar o meu “excesso de bagagem”. Foram precisas duas horas para perceber que afinal que só iria chegar alguns dias depois. Então comecei a perceber porque tudo é lento neste país: não há futuro e não se vive o amanhã porque pode não haver amanhã e se houver então festeja-se... No final do dia, um jantar de trabalho. Primeira saída à descoberta da cidade. De noite pouco se pode descobrir já que é uma cidade muito pouco iluminada e sair para passear a pé não é muito aconselhável. Foi um jantar simpático no restaurante Jacarandá. Primeiro sabor africano, Marisco com molho Namubi …..Mas que delícia!!!

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