Uma anestesia completa.
Não há palavras para descrever a chegada a um país onde tudo é tão diferente.
Mas não são precisas muitas milhas para compreender que neste mundo todos somos diferentes. Talvez por isso me quis sentir ainda mais diferente de todos os que rodeavam a minha plena segurança. Partir na aventura de um mundo diferente, longe do aconchego do lar, do apoio incondicional e condicional ao nosso amor recíproco.
A chegada foi SURREAL.
Um calor mais intenso que uma fogueira. Um céu cinzento, simpático e grudento.
Tudo começou a ficar mais lento desde o momento que desci as escadas do avião. Pensei desfalecer por momentos.
Entrei na zona alfandegária. Pior sensação alguma vez vivida. Sentir que não somos bem-vindos num país que me pareceu à partida acolhedor e à chegada tão difícil. Questionei-me de imediato o que significava e o que deveria significar o Turismo que poderia dar muito mais a um país tão necessitado.
O cansaço tomava conta de todo o meu corpo e a minha alma permanecia encoberta pela névoa da saudade.
Ah… saudade. Desde o dia que soube da minha partida senti um aperto no peito, tão intenso que meus olhos cobriram-se de lágrimas. A alegria de partir e crescer no mundo e para o mundo não conseguia superar a saudade.
Ah… saudade. Palavra tão bela, poesia tão presente no nosso falar.
O percurso até ao hotel, a pobreza, os carros sucatados, o trânsito caótico, a simpatia e a timidez de alguém menor que não é menos que qualquer branco transporta no seu “chapa”. Sim, essa sensação de poder, de comando, existe! Sem conseguirmos compreender porquê.
Dormir, só me ocorria dormir. Mas cheguei ao sossego de um quarto de hotel e não conseguia deixar de pensar. Só me ocorria a tristeza que senti ao saber que o meu destino para os próximos meses seria Moçambique! Só queria fugir de tudo, e correr, correr até ao passado tão presente. Os rostos chorosos dos que me amam martelavam o meu pensamento perdido.
O dia terminou como começou… uma apatia completa.
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