01 janeiro, 2008

MADAGASCAR

Há muito tempo que sonhava com os lemurs e a sua ilha encantada!
Comecei a ler vários artigos na Internet, a fazer variadas pesquisas e depois de ver o filme de animação Madagascar, decidi que a melhor maneira de conhecer aquele misterioso país seria numa perfeita aventura "backpackers".
Pois bem... não foi bem isso que aconteceu mas tive oportunidade de conhecer alguma coisa que me fascinou e me convenceu a voltar um dia. Dezembro 2007. Tudo a postos. Viagem de avião entre Maputo-Johannesburgo e Antananarivo comprada. Depois era seguir sozinha numa aventura sem hotéis reservados, sem voos internos marcados... nada.
Eis que uns 3 dias antes da partida, a minha melhor amiga decide que afinal se quer juntar à aventura. No princípio achei um bocadinho estranho, até porque foi ela que se juntou a mim na viagem à Tanzânia mas não se atreveu a subir o Kilimanjaro! Tendas não é com ela! Pois bem, depois percebi. A rapariga mexeu-se, e em menos nada já tínhamos o visto nos nossos passaportes, hotéis reservados e voos internos marcados. A viagem foi muito gira, talvez não tanto ao meu género porque gosto mais do efeito adrenalina de estar perdida, estar sem tecto, estar sem soluções imediatas, mas mesmo assim foi uma viagem super divertida e cheia de emoções!
Começamos pela capital e uma chuvada tropical. Sim, porque me esqueci de referir o facto do efeito aventura estar também associado às previsões metereológicas. Fomos na altura dos ciclones! Achei Tana uma cidade caótica. Os taxistas pareciam doutro planeta. Não conheciam as ruas. Não reconheciam os lugares. As pessoas eram de algum modo estranhas e não muito simpáticas... e falavam francês. Meu Deus, como eu odeio esta língua que o mundo inteiro adora!!! Em Tana aproveitamos para fazer umas compras e claro está que só não trouxe o artesanato em peso porque não tinha como o carregar. Mesmo assim ainda conseguir arranjar forma de trazer uma portada de janela em madeira trabalhada, que não consegui cometer o sacrilégio de a deixar lá ao abandono de um outro turista!
Depois seguiu-se a parte mais gira da viagem: Ille Saint Marie! Linda... very wild indeed! A famosa ilha, conhecida pela ilha dos piratas, já não tem muito para mostrar do porto de abrigo desses famosos saqueadores dos mares. Resta apenas o cemitério, que por ironia, ou talvez não, se encontra num dos lugares mais bonitos da ilha.

Depois como em qualquer ilha tropical, a comida é fantástica, as pessoas são simpáticas, o mar é divinal e o repouso é absoluto. Absoluto mesmo, porque fartinha de ler ocupei-me a tirar fotos a mim mesma e algumas à Shelina (ok, só uma!)... Cheguei mesmo a pensar que estava a enlouquecer!!! Por fim, os famosos lemurs!!!! Assim que entramos no parque, entrei em pulgas. Parecia uma criança do jardim escola a fazer a sua primeira visita de estudo. Toquei em todos os lemurs que me era permitido, tirei muitas fotos e superei a tentação de meter um lemurzinho na minha mochila e levá-lo para casa.

Fiquei a saber que Lemur deriva da palvara latina Lemures e significa "espírito da noite" ou "fantasma" e que só habitam na ilha de Madagascar. Eram em tempos 50 as espécies existentes, das quais muitas já se extinguiram e as restantes 15 estão em vias de extinção. A Shel estava mais fascinada com os camaleões. Esta miúda adora répteis... Queria tirar fotografias a toda e qualquer espécie e fugir dos lemurs a sete pés... TRENGA! E depois houve um momento alto nesta visita: as tartarugas. Eu nunca consigo encontrar palavras para descrever estes momentos. Simplesmente adoro-as. Bem... depois seguiu-se a passagem do ano! E esta foi uma noite hilariante. Aqui as meninas, à boa maneira portuguesa, aperaltaram-se todas para a grande noite. Confesso que não foi com qualquer tipo de esperanças de encontrar a cara-metade perdida naquela ilha. Seria um bocadinho dificil já que o nosso hotel, que se encontrava numa zona erma e isolada da civilização, estava povoado de famílias e "velhotes". Bem, quando saímos do quarto e vimos todo aquele povo vestido de calções de banho e havaianas apeteceu-me gritar mas consegui manter o nível e lá fui eu, de sapatinho novo para o salão de dança!!!

Já com uns copitos a mais, ainda nem eram dez horas da noite, conhecemos um casal super simpático, ela americana e ele francês. Acho que foi a nossa salvação naquela noite porque eram os únicos que tinham mais ou menos a nossa idade e que também se sentiam "diferentes" dos restantes hóspedes.

Um dia depois estávamos de partida para Nosy Be, uma ilha mais turística, onde ficamos alojadas num resort de luxo junto à praia e que confesso-vos que, mesmo com uma companhia masculina mais apropriada, não ia gostar nem mais nem menos. Nem a massagem, ao som das ondas do mar foi relaxante, já que fui atacada por mosquitos a toda a hora graças ao óleo adocicado que me espalharam pelo corpo.

Acabei os meus dias a gastar energias nos tapetes rolantes do ginásio do hotel e a ler longas horas junto à praia na companhia da minha grande amiga Shelina. No dia da partida para Moçambique, o voo atrasou-se graças a um ciclone que passava pelo estreito de Moçambique. Chegamos a Johannesburgo impossibilitadas de viajar para casa nesse mesmo dia e passámos a noite num quarto de hotel do pior aeroporto do Mundo, a rir à gargalhada das peripécias que vivemos durante as nossas curtas mas memoráveis férias na terra dos lemurs! Nada como começar o novo ano, sem seguir a tradição, esquecer os 12 desejos, rir à gargalhada, estar com alguém importante, apagar o passado e deixá-lo repousar nos ventos ciclónicos do estreito de Moçambique!