28 dezembro, 2007

NATAL 2007

Desde há já algum tempo que não gosto de comemorar o Natal. Para mim o dia da Família é sempre que queremos e como não tenho qualquer ligação religiosa com o facto, também não sinto vontade de comemorar o nascimento de um profeta que nem sei se é exactamente aquilo que dizem ser! Mesmo assim, e talvez por uma tradição de família (que é católica como quase o país inteiro), ou simplesmente porque achei que fosse um bom pretexto para juntar os amigos, resolvi fazer um jantar lá em casa. Cozinhei a tarde toda. Havia o tradicional bacalhau, as fartu... ups... rabanadas e o fantástico perú que o Jorge Simões fez questão de levar e que estava divinal. Muitas outras iguarias que cada um resolveu levar preencheram a nossa ceia de Natal! Erámos poucos. A maioria tinha ido visitar a família a casa. Mas mesmo poucos fizemos daquela noite, uma noite super agradável entre amigos. No dia seguinte, como reza a tradição em Portugal, fiz a roupa velha e levei as meninas do Orfanato para almoçar. Foi muito giro tê-las lá e poder proporcionar-lhes um momento mais familiar. Se eu pudesse ficava com elas todas cá em casa para sempre!!! Merry Christmas to you all!!!

06 novembro, 2007

Cabo Delgado

Na vida, com os seus altos e baixos, presenciamos momentos de felicidade suprema e de tristeza profunda... Mas eu não gosto de falar de coisas tristes e tento sempre relembrar os piores momentos como memórias menos boas! Esta foto relembra-me um momento de grande felicidade, um momento de liberdade total, de entrega incondicional à vida e ao mundo que nos rodeia. Numa viagem inesquecível com o meu grande amigo, o meu irmão para sempre, o egocêntrico e excêntrico fotógrafo, tive a oportunidade de ver Moçambique na sua mais pura realidade. Pangane, Guludo, Macomia, Krimizi, Mucojo, Nambo... Que viagem! Tudo inesperado e tudo tão perfeito! Obrigada Lucas por me teres proporcionado esta experiência à "caça" de elefantes durante a noite, a quase termos dormido por baixo de uma rede mosquiteira no meio da praia e arriscarmo-nos a sermos assaltados pela aldeia vizinha, por aquele banho de mar quente quase noturno, por termos conhecido aquele senhor fantástico em Pangane que nos deu guarida e nos serviu o melhor polvo que comi até hoje, por termos visto um quase "leopardo" e no final da viagem termos vistos 2 elefantes lindos e gigantes! Foi sem dúvida a melhor viagem que fiz em África!

10 outubro, 2007

COLD PLAY - GREEN EYES Honey you are a rock Upon which I stand And I came here to talk I hope you understand The green eyes, yeah the spotlight, shines upon you And how could, anybody, deny you I came here with a load And it feels so much lighter now I met you And honey you should know That I could never go on without you Green eyes Honey you are the sea Upon which I float And I came here to talk I think you should know The green eyes, you're the one that I wanted to find And anyone who tried to deny you, must be out of their mind Because I came here with a load And it feels so much lighter since I met you Honey you should know That I could never go on without you Green eyes, green eyes Oh oh oh oh Oh oh oh oh Oh oh oh oh Oh oh oh ohH oney you are a rock Upon which I stand

11 setembro, 2007

KILI, KILIMANJARO...

Se eu pudesse descrever em apenas um parágrafo a sensação de subir a montanha mais alta do continente africano e uma das maiores do Mundo acho que ficava por aqui... Envio apenas esta foto para ficar registado o momento da minha felicidade ao concretizar um sonho... Em breve publicarei toda a viagem... Obrigada pelo apoio de todos!!

07 agosto, 2007

Sexo e Kilimanjaro

Sentia-me meio engripada um dia destes (logo depois de ter convencido um amigo meu que seria impossível ter gripe em África... BURRA... esqueci que Deus castiga!) e resolvi ir ao médico para confirmar ou não a minha teoria!
Chego lá e o médico pergunta-me do que eu me queixava. Eu, de lenço colado ao nariz (já super vermelho) e uma voz super rouca (muito sexy por sinal) respondi:
- Gripe, eu acho! (parecia-me óbvio!) - Huuummm... isso parece alergia... Uma água do mar faz bem, não precisa mais nada... - Não precisa mais nada??... OK, óptimo... - E sente mais alguma coisa?? - Bem, já agora gostava de fazer umas análises gerais já que daqui a umas semanas vou subir o Kilimanjaro... E é então aqui que começa a festarola... - Ai vai subir o Kilimanjaro? Muito bem... E o que está a fazer para se preparar fisicamente? - Bem, eu estou a fazer 1 hora por dia de caminhada matinal e 2 vezes por semana Yoga ao final do dia. - Só isso? A menina tem de fazer muito mais... Depois anda a queixar-se do pneuzinho na barriga...
- Eu? Pneu? Onde?...
- Vai ter de fazer exercício 2 vezes por dia, 7 vezes por semana (até aqui tudo bem) e tem de fazer muito sexo... - O quê? Ouvi bem? Desculpe, pode repetir?... - Sim, menina... sexo é bom e faz super bem à saúde por isso recomendo-o... é uma boa forma de se preparar para o Kilimanjaro... - Hahahahahahahahahahahahahahaha... (não aguentei mais)... Sr. Dr. prometo seguir à risca as suas recomendações... e acredite que daqui a 1 mês voltarei para o Sr. saber que cheguei viva, sem pneuzinho e ninfomaníaca graças às suas ideias brilhantes... Depois manda-me fazer uma quantidade imensa de exames, sem incluir o HIV (que não deve ser importante para quem vai praticar sexo como uma louca para subir uma montanha... enfim)...
Sem dúvida que África tem um problema sério a resolver. A forma como os africanos vêm o corpo e o sexo é tão banal que os leva a serem banais demais com tudo o resto... principalmente com o SIDA... Da minha parte tudo estava bem... Exames perfeitos! E poderia estar 100% em forma para a escalada se não fosse a parte do sexo tresloucado... Ainda me vou rir lá no cimo da montanha, nos últimos metros da subida, quase a desfalecer e a pensar: se eu tivesse feito sexo todos os dias como uma tarada já estava lá em cima há séculos...

17 julho, 2007

Voltar

Voltar... esta palavra hoje significa bem mais para mim do que alguma vez imaginei... Voltar a casa... Voltar a Portugal... Voltar para a família...
Para um expatriado esta é sem dúvida uma palavra de fé... Significa ter a possibilidade de ver de novo as pessoas que ama, os lugares que marcaram o passado, os amigos que foram ficando incondicionalmente na nossa vida...
Passaram 2 anos para voltar a este lugar que foi mágico, que marcou a minha primeira viagem em Moçambique, quando cheguei em 2005... E continua lindo... Continua perfeito... Inhambane, Tofo... a Barraaaa...
É um regalo de Deus... É um cântigo à beleza... É um retrato do paraíso! Poder pisar aquela areia branca, olhar o pôr do sol e contemplar tudo o que de mais belo há na vida...
É ali, naquelas águas quentes, a mergulhar com o tubarão-baleia que sei que vou voltar... por uns dias, por uns meses, por uns anos... Moçambique ficará sempre no meu coração...

09 julho, 2007

Reserva dos Elefantes

Finalmente resolvi escrever sobre a minha aventura na Reserva dos Elefantes com a minha grande e “velha” amiga Sandra. Era já a segunda vez que ela vinha a Moçambique e foi muito bom reencontrá-la e perceber quantas “coincidências” e propósitos se cruzam na nossa vida. Conheço a Sandra desde o meu primeiro dia de escola, do 1.º ano do ciclo, e desde então somos amigas. Depois de um longo período de desencontros, a viver em países e continentes distintos, acabamos por nos encontrar em África. E foi realmente na sua segunda visita dela a Moçambique que resolvemos partir na aventura e fomos descobrir as maravilhas africanas nas redondezas de Maputo. Partimos num sábado bem cedo a caminho da Ponta d’Ouro, supostamente deveria ter sido mais cedo para conseguirmos apanhar o batelão mas não foi e acabamos por viver outras aventuras. Coisas do acaso. Terra, terra, e mais terra… Um engano muito normal em terras africanas, num dos cruzamentos do trajecto, quase nos levava até à Namaacha. Depois de termos encontrado a “estrada” certa e alguns quilómetros de terra batida já rodado, um bicho muito estranho (muito parecido com um escorpião) resolveu fazer-nos companhia e entrou tresloucado pela janela do carro. Neste momento, pensei dizer adeus à vida. A minha sorte já estava destinada. O pânico instalou-se. E como verdadeiras tuguitas, fizemos um grande drama. Saímos ainda mais tresloucadas do carro, aos gritos, a tentar expulsar o bicho do carro com uma garrafa de água e afinal o bicho estava mais assustado do que nós. A jornada continuou. Depois da terra começaram as crateras no alcatrão e depois areia. Dunas de areia intermináveis. E a minha querida amiga Sandra sempre a rir porque eu lhe fazia lembrar a Maggie Simpson, a chuchar no meu aparelho dos dentes. Eu já tinha feito aquele trajecto por várias vezes mas naquele dia a estrada parecia mágica… Todos os pormenores tinham mudado… E nunca mais acabavam… A meio do caminho resolvemos atalhar pela Reserva dos Elefantes, numa tentativa deseperada de aproveitar ao máximo um fim-de-semana curto e de o tornar mais excitante e autêntico. Maldita poesia. Saiu-nos tudo furado! Bem, tudo não porque na verdade, a paisagem da Reserva vale mesmo a pena. Fiquei apaixonada e questiono mesmo a hipótese de lá voltar e ficar lá a acampar com os animais que não chegamos a ver... nem um!! Pois, estivemos dentro da Reserva umas 6 a 7 horas e o único ser vivo, além de nós, foi um “bush buck” que se atravessou no nosso caminho e que ainda hoje quase que diria que n ão passou de uma miragem! A minha co-piloto tentou seguir religiosamente o mapa que nos foi entregue à entrada do parque mas com aquele rabiscado tão primário nas mãos de uma mulher deu em asneira. Perdemo-nos! Conseguimos encontrar naquele emaranhado de caminhos em areia, praias paradisíacas e muito verde, e pelo meio meia dúzia de habitações de comunidades locais que nem português sabem falar, a 60 km de Maputo! Por meio de gestos e alguns grunhinhos, estes mesmos locais conseguiram ajudar-nos a encontrar de novo o caminho… que nos levaria à desgraça. Depois de mais umas voltas, chegamos a um lago lindíssimo e ao mesmo tempo assustador. A estrada dirigia-se precisamente para dentro do lago, onde supusemos de imediato que haveriam corcodilos e outras espécies esfomeadas… Num passo de mágica, em 2 segundos, já estávamos nas dunas, entre a savana e o dito lago. E agora???? No panic… em cima do capot do carro consegui apanhar sinal no telemóvel. Liguei para meia dúzia de amigos que deviam estar muito ocupados para atender… talvez ocupados com uma ressaca descomunal já que se tratava de um sábado de manhã. Por fim, ligação e contactos com o próprio Director da Reserva. Estaria em Maputo mas ia deslocar-se à Reserva para resgatar duas donzelas, mas com indicações precisas: não se mexam, não saiam do carro e se virem um elefante façam o maior barulho possível… Estávamos na pior zona para atolar, entre o mato e o local preferido dos elefantes para beber… Pois bem, estivemos neste preciso lugar umas 4 a 5 horas e nem sinal de elefantes, gafanhotos, moscas ou mosquitos… nem um animal… É claro que dentro do carro, quietas, não conseguíamos estar. Resolvemos arranjar uns trocos para desenterrar o carro mas nada; resolvemos afastar a areia dos pneus mas nada também… até que, quando estávamos para desistir, vemos um carro a estacionar a uns 2km de distância. Acenamos, gritamos, buzinamos mas nada… resolvemos ir ter com os nossos salvadores… No momento em que chegamos senti logo um arrepio na espinha… Primeiro grande arrependimento da minha vida. Neste carro estavam 7 a 8 homens, já bastante bebidos que se recusaram ajudar-nos porque nós recusamos dar refresco. Voltamos para trás com o rabinho entre as pernas, a pensar na grande burrice de nos expormos assim, num lugar completamente deserto, onde tudo e nada pode acontecer, onde o bem e o mal não se distinguem… Graças a Deus tudo correu bem… os homens estavam bebidos mas vieram socorrer-nos… É claro que a princípio, eu e a Sandra nem saímos no carro. Eu tremia dos pés à cabeça… e olhava para a Sandra com aquele ar de pânico que devia estar também espelhado no meu rosto, a tentar encontrar sinal para fazer mais uma chamada para que eles soubessem que não estávamos “sozinhas”. Tivemos de sair do carro porque eramos muito “pesadas” e uns minutos depois o carro estava a salvo… e nós também… Só depois fiquei a saber que estive o tempo todo com graxa do carro na bigodaça e a minha querida amiga não me avisou porque pensou que esta minha pintura não tinha nada de sexy e isso levaria os homens a nem sequer pensar numa possível ideia menos solidária… Fiquei tão agradecida por terem ajudado e não terem “atrapalhado” que até “refresco” lhes dei… e seguimos viagem com um sorriso de orelha-a-orelha… Ainda faltava 1 hora de viagem… Às 19h de sábado chegamos finalmente ao destino. Uma viagem que normalmente dura no máximo umas 4 horas levou-nos 9 horas. Cansadas mas felizes. O dia de aventura fechou com uma boa e merecida jantarada, um cocktail oferecido por um admirador secreto e uma boa noite de sono…