29 setembro, 2008

BRIGHTON!!!!!

Hoje acordei como em tantos outros dias desde há dois meses. Não me sinto infeliz, Não estou triste. Apenas estou. Não sei se isto será bom ou mau. Não sei se significa mudança ou rotina, mas também não me preocupo com isso.
Tenho apenas visto a vida correr-me pelos dedos.
Há alguns anos atrás, a vida era mais prevísivel e aborrecida ao mesmo tempo. Não sei se por não estar no lugar que me pertencia ou se aquela não era a vida destinada para mim. E depois de viver esse passado, que hoje sinto que não me pertence, a aventura e o desconhecido teriam de aparecer mais cedo ou mais tarde.
Visitei países da zona sub-sahariana que nunca havia sequer sonhado. O deserto, as àguas do Okavango, o mato moçambicano vão ficar gravados para sempre na minha memória porque eu sei que hei-de voltar aos mesmos lugares e me vou lembrar de cada grão de areia, de cada folha de chá, de cada pôr -do-sol.
Hoje estou em Brighton, depois de quase quatro anos em África. Voltei ao primeiro mundo para estudar o terceiro. A chegada a Londres foi aterradora. Ou diria melhor, a partida de Portugal. Tudo começou no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. Já instaladíssima dentro do avião, depois de me debater com o problema recorrente de excesso de bagagem, avisam que afinal já não íamos descolar. Um problema no radar no Aeroporto de Heathrow faz parar a Europa inteira. Nenhum voo para ou de Londres tinha autorização para se mexer. Na melhor das hipósteses iríamos descolar dentro de 4 a 5 horas e na pior, o voo seria cancelado. Foi bem melhor, porque passadas 2 horas estávamos no rumo certo para a capital inglesa. Neste entretanto, um empresário brasileiro com os seus 40 e poucos, mete conversa comigo. Aquela conversa de circunstância entre estranhos. Sente-se ao meu lado durante a refeição "aérea" e depois começa numa tentativa de engate desconcertante, isto porque ele achava que eu tinha 19 anos e era desportista de profissão. Quê??? Vá para o seu lugar e meta-se com gente da sua idade!!!
Começou mal... e iria continuar! Quando me vejo em Londres ia tendo um ataque de pânico! Tudo era demasiado complicado para mim que me tinha tornado mais simples. Sentia-me a Heidi na cidade grande. Era exactamente isso que sentia. Estava num mundo caótico de pessoas em multidões a andarem nas ruas sem cruzarem os olhares, os arranha-céus, o metro, a confusão do trânsito, os barulhos e... a falta de qualidade de vida estampada em cada rosto. Que sensação estranha! Senti medo, pânico, fobia... queria fugir dali.
É claro que ter a minha querida amiga Rita para me receber foi um milagre porque sem ela acredito que teria desistido de tudo ou estaria ainda aninhada num cantinho do aeroporto de Heathrow à espera de ser salva! Obrigada Rita, és fantástica!
Bem, para me acalmar meti-me no Natural History Museum e passei lá a tarde toda. Acho que entre fósseis, pedras e bicharocos me senti mais aconchegada.
Depois voltou tudo outra vez. Fui até Westminster encontrar-me com a Rita para irmos juntas para um pub, onde nos iríamos encontrar com os amigos dela. Parece que a vida aqui é mesmo assim, à sexta (e às vezes noutros dias da semana), as pessoas saem do trabalho directamente para o pub e bebem pints até cair. Eu estava horrorizada! Claro está que tive de comer uma sandoca antes beber a minha primeira pint em terras de Sua Majestade! Foi giro mas não é como as noitadas de Moçambique. As pessoas aqui são estranhas, aparentam uma insegurança nelas mesmas que incomoda. Não há aquela loucura despreocupada. Não há aquele desprendimento do socialmente correcto.
No dia seguinte, 27 de Setembro, um sábado, de manhã, fomos até Covent Garden, Piccadilly Circus, Soho e todos aqueles bairros mais turísticos de Londres. Comemos as famosas Jacked Potatoes e acabamos o dia a carregar 46 quilos entre o metro, o autocarro e o comboio em direcção a Brighton!
Às 19h30, finalmente chegamos à estação de comboios de Brighton. Já se sente o friozinho da costa marítima! Aqui vamos nós de táxi e em 10 minutos estamos à entrada da Residência Universitária de King's Road. Nem consigo acreditar que isto é tão bom. Tinha andado a pesquisar imagens na Internet e estava convencida que quando abrisse a porta do meu quarto teria que saltar directamente para a cama por falta de espaço! Nada disso. O apartamento é espaçoso e o meu quarto tem vista para o mar. Perfeito!
Depois foi a típica voltinha pela cidade e fiquei apaixonada. Super cosy. Senti-me segura. Senti-me feliz! E claro está que acabamos a noite num pub, a rir por tudo e por nada, com as mãos sempre ocupadas pelas nossas pints!
A partir daí, cada dia tem sido sempre uma descoberta. A Universidade é fantástica, o IDS (Institute of Development Studies) mais ainda e tenho conhecido gente de todos os cantos do mundo.
As aulas começam a sério para a próxima semana e a ver vamos se o tempo me chega para continuar a actualizar este blog com as minhas memórias surreais!

2 comentários:

Anónimo disse...

Que saudades dos meus 30 anos...1º emprego a sério, 1ª viagem...e que gozo ir a Londres...andar de metro, ver os museus, os hippies no sei habitat, as calças á boca de sino no seu esplendor..."paz e amor" e contar as libras...e andar no Hyde Park e deliciar-nos com o speakers corner!!E o Jesus Cristo super star visto do "galilheiro"...não havia £ para mais...isso sim eram os 30...e que bons que eram!!

Anónimo disse...

Queria dizer galinheiro!!